sexta-feira, 7 de julho de 2006

Hospitalários vs Templários - III

Sentinelas
Após a conquista cristã a Cidade Santa foi colocada sob o comando de Godofredo, duque de Lorena, que a governou com o título de advogado do Santo Sepulcro e depois, após a sua morte, foi passado a Balduíno I que foi coroado rei pelo Patriarca de Jerusalém no dia de Natal do ano de 1100.
O Santo Sepulcro foi dotado de cónegos de confissão latina para assegurar a protecção das almas e o culto solene, os quais se juntaram ao clero de rito grego, que fora instituído na basílica de Anastácio nos séculos precedentes pelos imperadores bizantinos e nunca tinha abandonado o local, nem mesmo na fase mais dura da dominação islâmica.
Os monges de observância grega continuaram a residir na basílica e a oficiar o culto segundo a liturgia bizantina num altar a eles reservado; os clérigos latinos foram transformados em cónegos em 1114 pelo Patriarca Arnolfo de Chocques e assumiram a regra de Santo Agostinho.
Até a grande mesquita de al-Aqsa, conhecida como Cúpula da Rocha porque custodiava o bloco de pedra donde Maomé fora elevado aos céus, erigida junto às ruínas do templo de Salomão, recebeu para o culto um grupo de cónegos regulares agostinhos chamados cónegos do Templo.
Ao grupo que se ofereceu aos cónegos do Templo pertencia Hugo de Pays com alguns cavaleiros seus companheiros.
Em 1119 um terrível massacre de peregrinos junto ao Jordão abalou a sociedade cristã e o seu eco foi tão forte que chegou à Europa e recebeu particular relevo na crónica Alberto de Aix. No ano seguinte realizou-se uma importante assembleia de chefes cristãos na cidade de Nablus e os problemas defensivos do reino foram provavelmente o centro das discussões; nesse mesmo ano Balduíno II lançou um novo apelo à sociedade cristã, sublinhando que a Terra Santa necessitava de uma estrutura capaz de assegurar um serviço eficaz de policiamento.
Payns e os seus companheiros decidiran assumir um empenho religioso definitivo; segundo a crónica de Guilherme, arcebispo de Tiro, por volta de 1120 os três fizeram votos monásticos de obdiência, pobreza e castidade perante o Patriarca que lhes confiou oficialmente a missão de combater para proteger os peregrinos dos ataques dos salteadores islâmicos.
Doravante o grupo é conhecido e estimado pela população; naquele mesmo anos o conde Folques de Anjou, futuro rei de Jerusalém, vive algum tempo junto deles e antes de os deixar dá-lhes como esmola uma importante soma.
Balduíno II doou a Hugo de Payns e seus companheiros parte de um edifício usado nos primeiros tempos como palácio real, situado junto às ruínas do Templo de Salomão; os membros da irmandade passaram a ser chamados "Militia Salomonica Templi" e depois, mais tarde, Frates Templi ou Templarii.
(...)
Uma outra ordem religiosa fundada em Jerusalém alguns anos antes e votada aos cuidados a prestar aos peregrinos, o Hospital de São João, foi orientada no mesmo sentido e assumiu mais tarde uma função militar que era completamente estranha ao seu espírito originário.
in BARBARA FRALE, Os Templários, Edições 70, Maio de 2005, pág. 20 e ss.
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