domingo, 15 de julho de 2012

Igreja e Colégio de São Lourenço, Porto

Comummente conhecida por Igreja dos Grilos, foi esta Igreja, bem como o Colégio anexo, iniciada pelos Jesuítas na segunda metade do século XVI, sendo que a primeira pedra foi lançada em 20 de Agosto de 1573. Contudo, a obra não teve um começo fácil e só em 1614, com o alto patrocínio do Bailio de Leça, Comendador Frei Luís Álvaro de Távora,  se ultimou a conclusão do templo e colégio anexo (que alberga hoje, numa das suas dependências, o Museu de Arte Sacra do Seminário Maior do Porto, fundado por D. Domingos de Pinho Brandão, bispo auxiliar da Diocese, natural de Rossas, Arouca).
Está o benemérito Comendador da Ordem de Malta sepultado na capela-mor desta Igreja, em túmulo de mármore suportado por elefantes, de composição semelhante aos túmulos régios do Mosteiro dos Jerónimos.
Referência histórica especial merece o facto do Brasão de Frei Luís Álvaro de Távora, patente no frontispício da Igreja, ter escapado à famigerada sentença do Processo dos Távoras, que levou a que se proibisse o apelido em Portugal, que os seus brasões fossem derribados e suas armas fossem picadas. Alegadamente, o facto de se encontrar muito alto, levou a que não se cumprisse ali tal sentença. Na extinta comenda de Rossas, no adro da Igreja Matriz, pode ainda hoje ser observado um exemplo de brasão picado.
Não se tendo cumprido tal sentença na Igreja dos Grilos, estão aí hoje patentes algumas marcas que evidenciam o patrocínio do benemérito Frei Luís de Távora e da Ordem de Malta à edificação daquele Templo e Colégio, na cidade do Porto.
Frontispício da Igreja e entrada lateral para o antigo Colégio
Parece-nos uma boa sujestão de visita, ali bem ao lado da Sé, que muitas vezes passa despercebida e oferece vários motivos de interesse, nomeadamente para maior conhecimento dos contributos da Ordem de Malta para o nosso património edificado.
Túmulo do benemérito Frei Luís Álvaro de Távora
 Brasão do benemérito Frei Luís Álvaro de Távora no frontispício da Igreja

sábado, 14 de julho de 2012

750 Anos do Foral dado pelo prior da Ordem do Hospital a Tolosa


Pinho Leal já nos tinha contado que Tolosa, actual freguesia do concelho de Nisa, localizada junto à ribeira de Sôr, teve foral dado pelo Grão-Prior do Crato, em 1262, com privilégios iguais aos de Évora, e que o original estava guardado na Torre do Tombo, Gav. 15, Maço 9, N.º18. Trata-se de um documento raro e valioso, de grande importância para a história de Tolosa, para a história do Priorado do Crato, em particular, e para a história da Ordem de Malta, em geral.
Apesar de muito menos documentados (e, por isso, de grande valor histórico) do que os de iniciativa régia, houve também concelhos instituídos ou reconhecidos por entidades que não a Coroa (bispos, mosteiros, ordens militares). O processo, contudo, tal como em grande número dos forais de iniciativa régia, visava incentivar o povoamento e a exploração agrícola.
Agora, no ano em que a respectiva junta de freguesia se junta às Comemorações dos 500 Anos do Foral concedido à vila de Nisa, comemorando os 750 Anos do seu próprio e primeiro Foral, é já possível ler online o conteúdo deste importante e principal documento, cuja outroga foi outrora um privilégio também da Soberana Ordem de Malta, relativamente às terras que administrou.
O documento em consulta, é uma cópia mandada fazer por ordem do Guarda-Mor da Torre do Tombo para melhor inteligência do original, que se encontra junto, e pode ser compulsado online na plataforma digitarq (link).
Posteriormente, em 1517, D. Manuel I outorga-lhe foral novo. Como vila e sede de concelho do priorado do Crato, em 1527, pertenciam ao rei as sisas e as terças, e a jurisdição e as rendas ao Infante. Foi este concelho extinto em 1836, data em que passou a integrar o concelho de Alpalhão. Com a extinção deste último, passou a integrar o concelho de Nisa e, posteriormente, em 1895, foi anexado ao concelho do Crato. Por Decreto de 13 de Janeiro de 1898 voltou, novamente, a ser integrado no concelho de Nisa, a que pertence actualmente.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Vila Marim comemora 700 Anos de História


A Junta de Freguesia de Vila Marim, antigo concelho e actual freguesia de Vila Real, comemora hoje, dia 09 de Julho, 700 Anos de História. É, porém, mais antiga a história de Vila Marim. Com alguma certeza, esclarecida que esteja a questão do ano em que foi concedido o primeiro foral, se pode fixar em 760 ou até mesmo em 787 anos.
Em qualquer caso e indissociável da história daquela simpática, aprazível e soalheira localidade, situada no extremo sudeste da Serra do Alvão, é a presença da Ordem dos Hospitalários, hoje dita de Malta. Remonta aos primórdios da nacionalidade a presença da Ordem dos Hospitalários também naquela zona transmontana e, nomeadamente, em Vila Marim, onde possuiu, de resto, a bela Torre de Quintela (Monumento Nacional, desde 1910), desde o século XIII até ao século XIX, mais precisamente até ao ano de 1834, data em que foram extintas as Ordens Religiosas em Portugal.
A Torre de Quintela, é um dos poucos exemplos de arquitectura civil-militar que comprovam a senhorialização por terras transmontanas. Terá sido mandada edificar no tempo de D. Afonso Henriques, por um seu companheiro de Armas. Trata-se de uma espécie de baluarte, equipada com acessórios defensivos, de planta quadrangular com cerca de 12 metros de largura, com o alçado a atingir mais de 20 metros de altura, organizado no seu interior por 4 pisos.
Por ter sido tão significativa a presença da Ordem de Malta em Vila Marim, figura hoje a Sua cruz oitavada, em chefe, no Brasão da Freguesia. A história de Vila Marim, no entanto, e em muitos dos seus aspectos, está ainda por fazer. Como já se referiu, da própria concessão do primeiro foral persiste ainda a dúvida se terá sido concedido a 9 de Julho de 1225, como nos informou a própria Junta de Freguesia, ou a 9 de Julho de 1252, como lemos em vários trabalhos.
Comprometemo-nos, por isso, a procurar esclarecer esta questão nos próximos dias, para benefício da história daquela localidade tão grata à Nossa Ordem de Malta.
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Hoje, 12.VII.2012, a Torre do Tombo (Arquivo Distrital de Vila Real) informou-nos o seguinte:
A freguesia de Vila Marim foi da apresentação do mosteiro dos Jerónimos de Belém.
Documentada desde 1072, era honra, pertencente a Mem Gueda, nos alvores da nacionalidade.
Recebeu foral de Dom Afonso III, a 9 de Julho de 1252.
Freguesia do concelho de Vila Real composta pelos lugares de Agarez, Arnal, Barelas, Galegos da Serra, Muas, Peneda, Quintela, Ramadas e Vila Marim.
A paróquia de Vila Marim pertence ao arciprestado e à diocese de Vila Real, desde 22 de Abril de 1922. O seu orago é Santa Marinha.

Instrumentos de pesquisa:
GONÇALVES, Manuel Silva; GUIMARÃES, Paulo Mesquita - Arquivo Distrital de Vila Real: Guia de Fundos. Vila Real: Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo. Arquivo Distrital de Vila Real, 1999. 2 vols. ISBN 972-9022-18-6. 2 vol.
Inventário ArqBase nível 4.0 (unidade de instalação).
PORTUGAL. Secretaria de Estado da Cultura. Inventário do Património Cultural Móvel - Inventário colectivo dos registos paroquiais / Inventário do Património Cultural Móvel, coord. José Mariz. - Lisboa : Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, 1993-1994. - 2 v. ; 26 cm. - (Arquivos).

segunda-feira, 2 de julho de 2012

750 Anos da atribuição da primeira Carta de Foral e fundação do Castelo da Vila de Portel


Estão a decorrer, em Portel, as Comemorações dos 750 Anos da primeira Carta de Foral e fundação do Castelo daquela vila alentejana.
A efeméride é muito grata à Ordem de Malta que, de resto, integra a Comissão de Honra das Comemorações, pela pessoa de S.E. o Senhor Presidente da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da Ordem.
Portel, é uma das vilas portuguesas cuja própria história é indissociável da história da Ordem de Malta em Portugal. De resto, basta observar o Brasão de Armas do Concelho para constatar a importância da Ordem de Malta para aquela vila alentejana. Sentido pelo qual, quando uma vila que os Cavaleiros Hospitalários ajudaram a conquistar, a defender, a povoar e a administrar, reconhece esse legado e está em festa, também a Ordem de Malta tem razões para festejar e para se orgulhar dos seus contributos e da sua história.
Para saber um pouco mais sobre a presença e significado da Ordem de Malta no concelho de Portel, vale a pena compulsar o estudo abaixo, clicando sobre a imagem.

domingo, 1 de julho de 2012

Igreja de São João da Corujeira, em Elvas


A notícia da classificação pela UNESCO das Muralhas da Cidade de Elvas como Património Mundial, vem suscitar outra atenção sobre o património existente no perímetro daquelas fortificações, nomeadamente sobre a Igreja de São João da Corujeira, edificada no século XIII pelos Freires da Ordem de São João de Jerusalém (hoje dita de Malta), que aí estabeleceram a sede da respectiva Comenda, constituindo um contributo incontornável na história mais remota da defesa, povoamento e administração daquelas imediações fronteiriças. Um terramoto, porém, casou-lhe danos significativos, de que se recuperou entre o século XVIII e XIX, ao que se diz com dimensão mais reduzida.
Situa-se no alto da muralha leste da fortaleza, no bairro com o mesmo nome, no perímetro do Cemitério dos Ingleses ou Britânico de Elvas, e embora desperte atenção pelo seu campanário a encimar a frontaria, apresenta uma traça simples, porta de verga direita e duas janelas gradeadas com coruchéus e cruzes nas vergas. A notícia da edificação e presença dos Hospitalários, conserva-a num janelão aberto sobre o portal, guarnecido de marmore com pequeno frontão com duas volutas e a Cruz Oitavada de Malta sob a Cruz Latina.
Foto do descerramento da placa comemorativa da visita a Portugal de Fra Matthew Festing, Gão-Mestre da Ordem, em 2011

Depois de um período de abandono, a pequena mas significativa e histórica Igreja de São João da Corujeira está aberta ao público e consagrada ao Culto desde 24 de Junho de 2010, depois de recuperada pela Associação dos Amigos do Cemitério Britânico de Elvas, com o apoio da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da Ordem Soberana Militar de Malta. De resto, as boas e profícuas relações destas duas entidades têm motivado a participação conjunta em diversas iniciativas, que muito têm valorizado a história da presença  de ambas naquela zona fronteiriça e Portugal.