quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Visita ao Palácio das Necessidades

Fachada principal do Palácio das Necessidades
Correspondendo a um amável convite de S.E. o Sr. Embaixador Dr. Manuel Côrte-Real, esta quarta-feira, visitámos o Palácio das Necessidades, em Lisboa.
Ao contrário do que possa parecer, para além dos muitos aspetos de curiosidade e interesse que aí se encontram, o Palácio das Necessidades, iniciado no século XVIII por determinação d'El-Rei D. João V, em sequência de um voto daquele monarca feito a Nossa Senhora das Necessidades, cuja ermida aí se erguia - hoje integralmente destinado a sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros -, encerra dois motivos de relevante interesse para a história da Ordem de Malta em Portugal: um conjunto de pinturas a óleo alusivas a altos representantes da Ordem, por um lado, e o facto do Palácio ter sido construído em parte de um antigo prazo foreiro à Comenda de São Brás, do termo de Lisboa, por outro.
Depois de uma visita integral às dependências adstritas ao Protocolo, durante a qual S.E. o Sr. Embaixador nos foi falando da história arquitectónica, artística e sociológica do Palácio, de que se revelou profundo conhecedor, subimos a longa escadaria de acesso ao antigo Convento da Congregação do Oratório, onde, uma vez chegados ao actual e extenso corredor dos Altos Funcionários do MNE, podemos observar o conjunto de quadros pintados a óleo, alusivos a altos representantes da Ordem. Entre eles, encontram-se a Personificação da Ordem de Malta (na imagem); os quatro Grão-Mestres Portugueses, de que recentemente se fizeram as reproduções colocadas na Capela de Santa Luzia e São Brás, actual sede da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da OSMM; D. Francisco de Bragança, Prior do Crato; e Fra' Emanuel de Roham-Polduc, 70.º Príncipe e Grão-Mestre da Ordem de Malta (1775-1797), membro de uma rica e influente família de França.
Sobre a razão da existência deste belo e importante conjunto de quadros no Palácio das Necessidades, dignamente expostos num dos seus principais corredores, graças aos bons ofícios e empenho de S.E. o Sr. Embaixador Dr. Manuel Côrte-Real, nada se sabe. Contudo, a exposição do conjunto permite sustentar algumas hipóteses que, com alguma probabilidade, nos permitem situar o tempo e contexto da execução destas pinturas. Tema a que voltaremos brevemente.

Personificação da Ordem de Malta
Óleo, Século XVIII
Palácio das Necessidades, Lisboa
O segundo aspecto de relevante interesse para a história da Ordem de Malta, prende-se com o facto do Palácio ter sido edificado em parte de um antigo prazo foreiro à Comenda de São Brás da Ordem de São João do Hospital, do termo de Lisboa, então sediada naquela que é hoje igualmente a sede da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da OSMM.
Deste facto, apenas tomámos conhecimento graças à pesquisa e história do Palácio das Necessidades, da autoria de S.E. o Sr. Embaixador e Vice-presidente do Conselho da Assembleia dos Cavaleiros Portugueses da OSMM, Dr. Manuel Côrte-Real.
Com a promessa de voltar ao assunto muito em breve, apenas deixar a referência a uma importante nota à referida história, trasladada do «Livro do Tombo da Comenda de S. Brás», 1648, folhas 350: «Tem a Comenda de S. Brás mais uma quinta que contém em si casas nobres e dentro uma Ermida da Invocação de Nossa Senhora das Necessidades, e terras de pão, vinha, pomar e jardim, dois poços de água, casas de criados e outras pertenças, e fica além da Pampulha antes de chegar à ponte de Alcântara, a qual ora a possui Jorge de Castilho e paga-se cada ano de foro por o Natal oitocentos reis, duas galinhas e um frango», e à «Carta de doação à Ordem de São João do Hospital, do Padroado da Igreja de Vila de Rei, em troca da ermida de Nossa Senhora das Necessidades que à dita ordem pertencia - 24 de Abril de 1744», referida na mesma obra.
 
Os nossos agradecimentos a S.E. o Sr. Embaixador Dr. Manuel Côrte-Real.

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